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Protocolo de Londres


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O Protocolo de Londres é uma metodologia desenvolvida para investigar incidentes na área da saúde, oferecendo uma estrutura sistemática para identificar causas subjacentes e propor melhorias nos processos. Criado no final da década de 1990 por um grupo de pesquisadores do Imperial College London, este protocolo é amplamente reconhecido como uma ferramenta essencial para a segurança do paciente, por abordar fatores humanos, organizacionais e técnicos que podem levar a falhas no cuidado de saúde.

O Protocolo de Londres foi desenvolvido em resposta à crescente necessidade de investigar incidentes adversos na saúde com um enfoque mais abrangente. Até então, muitas análises eram restritas à busca de erros individuais, negligenciando aspectos sistêmicos. Inspirado na abordagem da engenharia de segurança, o protocolo baseia-se no modelo de Reason de "Queijo Suíço", que enfatiza que falhas ocorrem devido a uma combinação de fatores, incluindo erros humanos, falhas organizacionais e lapsos técnicos.



Estrutura do Protocolo de Londres

O protocolo é estruturado em etapas que guiam os investigadores desde a coleta de dados até a formulação de recomendações.

1. Coleta de Dados

A coleta de dados é a base de qualquer investigação bem-sucedida. O Protocolo de Londres recomenda:

  • Revisão de registros médicos e documentos relacionados ao incidente;

  • Entrevistas com todos os envolvidos, incluindo pacientes, familiares e equipes de saúde;

  • Observação direta do ambiente onde o incidente ocorreu.


2. Reconstrução do Evento

Com base nos dados coletados, os investigadores criam uma linha do tempo detalhada do incidente. Esse processo ajuda a identificar a sequência exata de eventos e a destacar os pontos críticos onde ocorreram falhas.


3. Identificação de Fatores Contribuintes

Os fatores contribuintes são divididos em categorias, como:

  • Fatores Humanos: Treinamento inadequado, fadiga, erros de julgamento.

  • Fatores Organizacionais: Comunicação deficiente, políticas ineficazes, falta de recursos.

  • Fatores Ambientais: Equipamentos mal projetados, condições físicas do local de trabalho.


4. Análise das Causas Raiz

Após identificar os fatores contribuintes, a análise das causas raiz é conduzida para determinar por que o incidente ocorreu. Ferramentas como o Diagrama de Ishikawa e os 5 Porquês são frequentemente empregadas.


5. Recomendações e Ações Corretivas

O relatório final deve incluir recomendações práticas e baseadas em evidências para evitar a recorrência de incidentes semelhantes.


Aplicação do Protocolo de Londres

1. Segurança do Paciente

O Protocolo de Londres é amplamente utilizado em programas de segurança do paciente, ajudando hospitais e outras organizações a identificar vulnerabilidades e implementar melhorias sustentáveis.

2. Capacitação de Equipes

A aplicação do protocolo exige treinamento específico, promovendo a cultura de segurança e capacitando equipes para abordar incidentes de maneira não punitiva.

3. Melhorias Sistêmicas

As investigações conduzidas com o Protocolo de Londres frequentemente revelam falhas organizacionais que vão além de um único incidente, levando à reestruturação de processos.


Impacto do Protocolo de Londres na Saúde

Hospitais que implementam o Protocolo de Londres reduzem significativamente incidentes adversos e melhoram a qualidade do atendimento. Ao adotar uma abordagem não punitiva, o protocolo promove uma cultura de aprendizado, na qual as equipes se sentem seguras para reportar erros e participar de melhorias. Abordando fatores sistêmicos, o Protocolo de Londres contribui para a eficiência operacional, eliminando redundâncias e melhorando o uso de recursos.


Desafios na Implementação

Embora eficaz, a aplicação do Protocolo de Londres enfrenta desafios como:

  • Resistência cultural à transparência e reporte de erros;

  • Falta de treinamento adequado para equipes investigativas;

  • Limitações de recursos financeiros e tecnológicos em ambientes de saúde mais restritos.



O Protocolo de Londres representa um avanço significativo na investigação de incidentes adversos, oferecendo uma abordagem estruturada e abrangente que transcende a simples atribuição de culpa. Sua aplicação permite que instituições de saúde fortaleçam a segurança do paciente, promovam uma cultura de aprendizado e alcancem excelência operacional. Ao investir na implementação desse protocolo, organizações de saúde demonstram compromisso com a melhoria contínua e a qualidade do cuidado oferecido.



Referências

  • REASON, J. Human Error. Cambridge University Press, 1990.

  • VINCENT, C.; TAYLOR-ADAMS, S.; STANHOPE, N. Framework for analysing risk and safety in clinical medicine. BMJ, v. 316, p. 1154-1157, 1998.

  • INSTITUTE OF MEDICINE. To Err Is Human: Building a Safer Health System. Washington, DC: National Academy Press, 2000.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Patient Safety: Investigating and learning from adverse events. WHO, 2005.

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